Saturday, October 13, 2012


Dia 02 - Pimenta nos olhos dos outros é refresco

Jantar dessa noite!
Acordei super bem humorada até perceber o bafo mortal que habitava minha boca. Dei um baforadinha na mão para sentir o tamanho do problema. Rapaz! Deve ter um rato morto no meu estômago, cruz credo. Sorte do Torsten que saí da cama sem desejar bom dia.

Já haviam me alertando que o mau hálito deveria aparecer com o jejum. E dizem que piora nos dias seguintes. Sorte da maioria de vocês que só conversa comigo por Skype ou email!

Depois de passado o susto com meu próprio hálito comecei o dia com um suco de laranja. Para minha surpresa a fome foi pouca durante a manhã, bem menor do que no dia seguinte. Comi uma maçã no meio da manhã, mas hoje não precisei antecipar o almoço.

Na hora do almoço batatas cozidas e salada foram suficientes para matar minha fome. A ironia do destino apareceu no meio da minha tarde. Para quem não sabe, trabalho na Avaaz, uma organização internacional que organiza ações urgentes online e offline para assuntos relacionados a direitos humanos, meio ambientes, corrupção, etc. A cada semana temos uma nova campanha e eis que no meio da minha tarde recebo uma mensagem no Skype de uma colega me pedindo ajuda para achar uma imagem para uma campanha que iríamos testar. “Carol, você pode procurar por uma imagem de uma pessoa morrendo de fome por não conseguir pagar pela sua comida?”

Eu ri para não chorar. E lá fui eu a procura de fotos de pessoas famintas, sem ter o que comer. Aí o lado ativista e humanitário pegou e me questionei um pouco sobre o jejum “Caramba, tanta gente que daria tudo por um prato de comida e eu aqui deixando de comer para ter uma experiência.” Me senti um pouco boba no começo, mas depois um outro pensamento me veio à cabeça. “Ao mesmo tempo isso está me fazendo ter um pequenina ideia do que é ter fome de verdade” Obviamente que não quero comparar um jejum todo equilibrado praticado num lar confortável e com toda assistência com alguém passando fome em algum país pobre do mundo.

Não, não é isso. Mas de uma certa maneira, a experiência faz você parar para pensar em comida, e consequentemente, nas pessoas que vivem sem ela (principalmente se você tem que pesquisar por fotos de pessoas famintas), em uma criança que nunca provou um chocolate, quem consegue alimentar a família uma vez por dia, quem não tem acesso a água. E aí você imagina como eles se sentem fisiologicamente. E psicologicamente ao ver outras pessoas comendo (algo que experimentei algumas vezes em Moçambique, onde aprendi a não sair na rua apressada por não ter dado tempo de almoçar devorando um sanduíche nas mesmas ruas que pessoas pediam por comida).

(interessnate reclame da Oxfam: "Quando crianças brincam com comida é fofo. 
Quando Washington brinca com comida, custa a vida de muitos")  

Enfim, achada a foto continuei meu trabalho e comi uma banana a tarde. Certamente esta manhã e tarde foram bem mais tranquilas em relação a fome do que ontem. À noite é que ela bateu. Comi umas ervilhas cozidas, cogumelos feitos na frigideira sem óleo, apenas com sal (aliás me surpreendi como eles ficam tão deliciosos como com óleo – com certeza não usarei mais óleo para fazer os cogumelos) e uma alcachofra.

De novo, bebi muito líquido e fui dormir traquila. Amanhã será o primeiro dia sem nenhum alimento apenas com líquidos (suco, água e caldo de legumes). Ah e também o dia da limpeza intestinal (ai!). Desejem-me sorte!

1 comment:

  1. Tou adorando vossa jejuada facebookada (quêde os post da Sté?)
    Em solidariedade com vocês hoje, no almoço, quando for comer nhóqui de abóbora, o farei lembrando de vocês, hehehehe...

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