Tuesday, October 30, 2012


Para os curisosos: o dia-a-dia e as transformações



DIA 01 (quinta-feira)
DIA 02 (sexta-feira)
Peso:
58.8kg
58.3kg
Humor/disposição
bom
Super bom
Atividade física:
nenhuma
nenhuma
Alimentos:
3 bananas, 2 maçãs, meia beringela assada recheada com tomate e sal, salada com diversas folhas e tomate, 3 batata cozida com sal, 1 copo de suco de laranja, vários chás e muita água
suco de laranja, 1 maçã, 1 banana, batata com salada, ervilhas cozidas, meia alcachofra, chás e água
Nível de fome:
Suportável, definitivamente mais difícil durante a tarde e mais tranquilo à noite.
Menor que ontem, bem mais suportável




DIA 03 (sábado)
DIA 04 (domingo
Peso:
56.9 kg
56.8 kg
Humor/disposição
Bom, com um pouco de irritação à tarde
Bom, boa disposição
Atividade física:
30 minutos de bicicleta, 20 minutos de caminhada
Cerca de uma hora de bicicleta e pequena caminhada
Alimentos:
Chás, suco maçã diluído em água e caldo de legumes
chá, suco de banana, água, caldo de legumes
Nível de fome:
fraco
Fraco, maior à noite


DIA 05
(segunda-feira)
DIA 06 (terça-feira)
Peso:
56.7 kg
56.3 kg
Humor/disposição
Médio (picos muito bons e outros um pouco mais impaciente)
Muito bom
Atividade física:
25 minutos de bicicleta
30 minutos de caminhada e 10 minutos de corrida
Alimentos:
sopa de tomate (2x) água. Chá e sucos (maçã)
Sopa de tomate, suco de banana diluído em água, chá e água
Nível de fome:
Médio, maior à noite (já comecei a pensar que quarta é o último dia)
Médio, maus aumentou em relação a ontem (já comecei a contagem regressiva)



DIA 07
(quarta-feira)
DIA 08 (quinta-feira)
Peso:
55.6 kg
55.5 kg
Humor/disposição
ok
bom
Atividade física:
Muita – cerca de 45 min de bicicleta
Quase nenhuma
Alimentos:
Chá (sem sopa)
Maçã, sopa de batata, yogurte com quark
Nível de fome:
Quase zero
ok



Dia 07 - Vale quanto pesa! Acabou!
Bolo prestígio. I am back!

Antes de mais nada, queria me desculpar pela ausência. Logo depois de encerrar o jejum estive uma semana fazendo um treinamento de trabalho e com acesso restrito à internet e portanto foi impossível atualizar o blog. Mas cá estamos para encerrar essa experiência (aliás para aqueles que me enviaram email preocupados achando que eu estava em jejum até hoje, não se preocupem, o jejum durou apenas sete dias!)

O famigerado dia finalmente chegou: o sétimo dia, dia de finalmente quebrar o jejum, o que se faz com a simbólica maçã, que em tantas histórias foi o convite a um espécie de maldição (vide Eva e Branca de Neve que devem estar arrpendidas até hoje), para mi foi a redenção!

Segui o conselho do Torsten: “Corte a maçã em pedacinhos, Carol. Saia da frente do computador e se concentre por uns 10 minutos em comer a maçã.” Estava parecendo criança em véspera de Natal, sentada em frente à minha maçã. Peguei o primeiro pedaço e curti muito a sensação de mastigar. Mastigar algo sólido, senti-lo entre os dentes, transformar o alimento na sua boca numa massa. Pode soar meio estranho, mas isso foi bem prazeroso. O gosto da maçã estava saboroso, mas não foi nada orgasmático como me falaram que seria.

Na hora do almoço fiz uma sopinha de batatas, que estava bem gostosa (quero distância de sopa de tomate e caldo de legumes por algum tempo). O resto do dia correu bem e à noite recebemos a visita dos pais do Torsten que estavam em Berlin (e era a primeira vez que os convidávamos para jantar em nossa casa). Senti um prazer enorme em voltar a cozinhar aquilo que gosto. Preparei com muita vontade e carinho um caneloni invertido (Carol Almiron, obrigada por ter ensinado esse prato que todo mundo adora!): basta colocar fatias retangulares de presunto, depois de queijo e em seguida colocar o macarrão cabelo de anjo já cozido formando uma linha grosa no meio desse retângulo e então enrolá-lo como se fosse um caneloni. Prepare um bom molho de tomate e coloque numa travessa regando com o molho e polvilhando com parmesão ralado – leve ao forno por cerca de 15 ou 20 minutos (o queijo e a gordurinha do presunto derretem e se misturam com o macarrão).

Eles adoraram e confesso que aí meu apetite abriu legal, mas fiquei firme no cereal com iogurte. No dia seguinte ainda mantive uma alimentação leve e finalmente no terceiro dia, depois do jejum voltei a comer de tudo. Segui para meu treinamento na Espanha, onde a comida era simplesmente divina e provavelmente eu era a pessoa que mais apreciava cada refeição.

Mas vamos lá. Quais foram as lições e aprendizados desse jejum:

  • quantidade de comida: definitivamente diminuí a quantidade tanto ao preparar comida quanto ao me alimentar. Hoje está muito mais fácil de notar o que é gula e o que o meu corpo realmente necessita.
  • Apetite e fome: como escrevi anteriormente no blog, essa é uma distinção que ficou muito clara para mim depois do jejum e hoje identifico facilmente quando estou com apetite e tento focar em liquidos para tirar o foco da “vontade de comer” (com um chá, suco de laranja ou capuccino)
  • comprei uma nova frigideira com bom teflon: percebi que muitos alimentos não precisam ser fritos no óleo quando se tem uma boa frigideira, o que é muito mais saudável e muitas vezes tão gostoso quanto!
  • Comecei a ler o rótulo dos alimentos. Sei lá, virou tique enquanto estava de jejum e agora me pego com mais frequencia checando os ingredientes dos produtos industrializados (tudo bem que em alemão eu acabo ignorando metade do rótulo, mas a vontade saber o que estou ingerindo está lá).
  • Quero começar minha própria hortinha em casa com algumas coisainha básicas como cebolinha, menta, basílico e manjericão.
  • Aprendi a beber mais líquidos.
  • Ok, preciso confessar: eu amei ver minha barriguinha sarada de novo. Sempre fui magra, mas desde 2009 deixei de ser super magra e achava que minha barriguinha tábua já não existia mais por conta das trasnformações do corpo com a idade. Mas foi tão delicioso vê-la lá de novo, depois de tanto tempo, igualzinha!
  • Auto-confiança: com força de vontade e equilibrio mental consegui encarar o desafio numa boa, isso me lembrou de que sou capaz de alcançar metas que estabeleço e ir até o fim, foi legal!
  • Me apaixonei ainda mais pela cozinha e na semana que vem irei começar meu primeiro curso de culinária. Mal posso esperar! Será que começo um novo blog?

Se faria de novo? Hmm...não sei. Talvez quando toda essa consciência adquirida nessa experiência começar a minguar eu passe a considerar fazer de novo (mas não mais do que uma vez por ano!). E para aqueles curiosos: perdi 3,5 kg nesses 7 dias e depois de 10 dias ganhei 1,5kg, e agora pretendo manter esse peso com uma alimentação saudável e voltar a curtir minhas calças 38!

Sunday, October 21, 2012


DURANTE - 

Cair como sopa no mel

Uff... andei meio desaparecida! Confesso que isso de escrever diariamente um blog é um desafio muito maior para mim que o próprio jejum. Sei que não é desculpa e nem vou “chorar as pitangas”, mas essa semaninha foi especialmente intensa para mim: entrevistas de trabalho, resposta positiva de emprego novo, outras decisões pessoais não tão fáceis, mas muito importantes.... enfim, aí já não sei se foi reflexo do jejum ou da sequência de acontecimentos externos  – só sei que como questões que há meses estavam estagnadas deram uma viravolta, os meus pensamentos alcançaram uma maior clareza em muitos aspectos confusos anteriormente.

Enfim.... como não “coloquei a mão na massa” em reportagens diárias, minha experiência se resumirá a um ANTES – DURANTE e – DEPOIS.  

Por sorte nenhuma entrevista de trabalho foi no dia da faxina intestinal J. De fato nesses dias eu estava bem “zen” tentando “vender meu peixe”. Talvez foi um zen parecido ao que a Carol sentiu no 5° dia do jejum. Mais difícil foi no dia da resposta positiva não poder ter aberto o champanhe que esta há semanas na geladeira esperando uma ocasião especial a ser celebrada. Acho que só com um golinho estaria nos céus, mas não: a final celebrei com um delicioso caldo de legumes. Nesse dia refleti como nunca na relação entre comida e celebrações (o que seria um aniversário sem um brigadeiro ou bolinho?; um 24 de Dezembro sem uma ceia natalina?; ..).   

Respondendo ao comentário da Natasha: SIM amiga – o Dário continuou comendo normalmente e cozinhando verdadeiras delícias na cozinha nos primeiros dias. Nos últimos ele já preferia comer fora, mas foi decisão dele. Eu ficava numa boa com o caldinho de legumes. Imaginei que seria muito mais difícil.  Mas é claro que a “carne é fraca” e nem todos os momentos durante o jejum foram tranquilos e fáceis. Os piores dias foram o  2° dia de preparação acompanhado de uma forte dor de cabeça que felizmente não voltou a se repetir e o 3° dia de jejum, quando meu pensamento preferiu ficar preso na contagem regressiva imaginando tudo o que eu poderia voltar a comer depois dessa experiência. Nos outros dias senti uma clara distinção da diferença, tão bem explicada pela Carol, entre fome e apetite e até sai normalmente com amigos tomando apenas agua ou chazinho.

Ver e sentir a reação das pessoas ao escutarem que estava fazendo jejum foi uma experiência muito mais divertida. Numa festinha de aniversário de um amigo, recusei comer o bolo e comentei o motivo para uma menina que havia conhecido naquele momento – acho que nunca ninguém me olhou com aquele olhar de “que freaky” e “cara de quem comeu e não gostou”, só faltava me perguntar se fazia de parte de alguma tribo que experimenta viver somente de água e luz.  

Fazer exercício foi outra experiência diferente. No quarto dia de jejum precisei aclarar meus pensamentos e dei um longo passeio pelos parques em Genebra. Tenho que sinalizar que ultimamente não ando fazendo nenhum tipo de atividade física constante, portanto essa caminhada de 2-3 horas fez-se perceber nas minhas pernas e nádegas.  O esforço foi maior que o usual e senti que se não tomasse líquido poderia ter sido um abuso para o meu corpo. Mas parece que a gente fica mais atento ao que o corpo pede! E haver liberado endorfinas ao redor daquela natureza maravilhosa com vista ao Lac Leman ajudou a por os pensamentos no lugar e não "Trocar alhos por bugalhos".

Enfim... vou parar de “encher linguiça” por hoje... em breve relato o DEPOIS do jejum que para mim parece ser algo mais complicado que o DURANTE.

Saturday, October 20, 2012



Dia 06 - Sem água na boca

Se antes eu argumentei aqui neste blog que uma pessoa pode continuar suas atividades normais, mesmo jejuando, hoje argumento que ela pode inclusive ter um dia super cheio, recheado com alguns picos de adrenalina.

Hoje foi um desses dias malucos e o mais curioso é que foi um dos dias que eu menos tive fome ou pensei em comida. Comecei a manhã com um chá e muito trabalho. Por voltas do meio dia pedalei até o centro da cidade, onde encontrei um colega do trabalho para fazer a entrega de uma petição no Parlamento alemão. Um pouquinho de nervosismo e ansiedade, mas no final tudo correu bem. O políticos no recebeu, a mídia cobriu o evento. Meu colega reclamando da fome e eu tomando água. Depois da entrega seguimos para um Starbucks e trabalhmos de lá. Foi o suprassumo do dia: um chai latte. Hmmm que delícia!

Depois das seis da tarde segui para o curso de alemão, fiz prova e depois segui para casa. O nível de fome era quase zero. Não sei se tm a ver com o fato de ter estado ocupada o dia todo com outras coisas, mas nem pensaento em comida rolou.

Curioso, que depois desses seis dias de jejum (quatro deles só com líquidos), tenho a sensação de que isso está sendo bem mais fácil do que imaginei. Felizmente eu nunca precisei fazer regime, pois meu metabolismo sempre jgou a meu favor. Tive apenas uma experiência com dieta há cerca de dois anos. Foi logo depois de operar o joelho, quando tive que ficar de molho em casa por um mês. Foi nesse mesmo período que meu interesse por aprender a cozinhar começou e que uma querida amiga italiana vinha me visitar uma vez por semana e me ensinava como preparar alguns pratos típicos.

A combinação não podia ter sido pior: cozinhando, comendo e sem poder me movimentar. Naturalmente ganhei alguns quilos extras que nunca tinha tido antes e como ainda demoraria alguns meses até eu poder praticar exercícios resolvi fazer a tal da dieta da proteína. Não durou três dias. Três dias em que tudo que eu fazia era pensar nas coisas que não podia comer. Detestei a experiência. Faria exercícios na hora que pudesse e duarnte aqules dois meses seguintes aprenderia a conviver com uns uilinhos a mais, mas pelo menos tendo o prazer de comer (com moderação obviamente).

E agora, com essa experiência, confesso, honestamente, que para mim foi mais fácil parar de comer do que poder comer apenas determinados alimentos.  

Wednesday, October 17, 2012


Dia 05 - Falando abobrinhas

    - Torsten você tá com fome?
    - Não, mas estou com apetite
Essa foi uma das respostas que ouvi contantemente do Torsten durante esses anos que estamos juntos. “Mais que catzo! Por que o homem responde que está com apetite?”, eu me perguntava. Hoje comecei a entender um pouco melhor o porquê da resposta dele.

Ovomaltine: geralmente é apetite (ai!)
Bom, antes de seguir adiante, acho que vale a pena fazer um pequeno esclarecimento sobre a diferença entre fome e apetite. Fome é o que você sente quando seu organismo já gastou tudo o que tinha para gastar e começa então a tirar das reservas. O estômago dói. Além disso, a fome não escolhe o que vai comer, não se importa se a comida está quente, fria, se é doce ou salgada, se é chocolate ou fruta. Ah, e fome não dá em intervalo de novela. Ou seja, é a necessidade física do alimento.

Já o apetite é muito mais uma necessidade psicológica, mais ou menos como um certo prazer que você obtém ao comer um alimento (seja ele chocolate, queijo, ou qualquer que seja o seu objeto de desejo). Ao contrário da fome, o apetite sabe exatemnte o que quer comer. Quem já não se pegou indo até a geladeira e inspecionando o que havia dentro dela para “ver” se havia algo que lhe interessasse? Pois é, isso é apetite, não é fome. Se fosse fome você pegaria qualquer coisa que estivesse lá. Quando se tem apetite, você sabe se quer comer doce ou salgado e nem um, nem o outro, vai lhe servir dependendo daquilo que deseja.

Café da manhã reforçado: fome
E eu comecei a sacar isso nesses últimos dias, especialmente hoje. Percebi que muito dos meus hábitos alimentares estão bastante associados com o apetite e não com a fome. Notei isso forte ao me sentar para assistir um filme com o Torsten. Automaticamente já deu aquela vontade de beliscar alguma coisa. No fundo, não estava com fome, mas é algo que sempre fazemos e que me fez parar para pensar. O mesmo me acontece quando estou um pouco entediada “ah, vou comer alguma coisinha!”, ou então num longo passeio de bicicleta, em que sempre paramos para fazer um lanchinho. São todos costumes e normalmente não são fome, mas apetite.

E é curioso, porque quando você pára de comer é que passa a se dar conta disso. Agora entendo melhor o Tostex quando me diz que está com apetite e não com fome.

Bom, em relação ao dia de hoje, tudo correu super bem. Trabalhei, pedalei uns 15 minutos até o curso de alemão, assisti aula durante 3 horas e voltei para casa. Rolou uma coisa legal durante o curso de alemão. Fiquei meio zen. Devem ser as endorfinas batendo (dizem que em um certo momento do jejum o corpo passa a liberar endorfina). Uma sensação de super tranquilidade e de que nada poderia me tirar do sério (nem mesmo a ucraniana CDF que senta do meu lado no alemão). Tudo numa boa, numa nice... Me sinto um pouquinho como se fosse um coala, ou um bicho-preguiça: fazendo tudo com bastante delicadeza, sem movimentos bruscos e tranquila. Não, não fumei.

Ok, mas vou ser sincera com vocês, já comecei a contagem regressiva. A fome está suportável, mas já voltei a pensar nas comidas que comerei quando sair do jejum. Por isso, acho que não tô tão zem ainda....

Tuesday, October 16, 2012


Dia 04 - Colocando a mão na massa!




Foi como o leão Alex que eu achei que ia me sentir hoje, mas não foi bem assim. Acordei bem disposta e como o dia estava bonito, apesar de frio, resolvemos sair para um passeio de bike. Fomos explorar um dos parques próximos de casa já que é outono e simplesmente espetacular assistir a mudança de cores das árvores.

Como a disposição estava alta para nós dois, decidimos pedalar adiante e ir até perto do aeroporto de Tegel, onde poderíamos ver os aviões pousarem bem de pertinho. Adorei a idéia e me lembrei de quando meu pai me levava ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para ver os aviões (ele mal poderia imaginar quantos aviões eu ainda veria na minha vida – saudades).

Programinhas normais em jejum!
Pedalamos um total de uns 30 minutos até encontrarmos o exato lugar (do lado da rodovia), onde os aviões passariam sobre nossas cabeças. Haviam outras pessoas a espera das máquinas voadoras. Não nos contentando com a visão de um deles, que passou bem por cima de nós, esperamos o pessoal dar uma dispersada e entramos numa das áreas proibidas (pulamos a cerca e sumimos na mata alta). Estendi minha canga e lá ficamos deitados, curtindo o sol e esperando o próximo monstrengo passar sobre nossas cabeças. Confesso que ainda senti o mesmo entusiasmo daquela menina de 7 anos ao lado do meu pai em Congonhas.

Ok, isso não tem nada a ver com o jejum, eu confesso, mas a idéia é mostrar como tem sido possível ter uma vida normal, fazer as mesmas coisas que estaria fazendo, se não estivesse jejuando. Obviamente que estava mais lenta e o ritmo era outro, mas ainda assim, vida normal. Talvez uma ou outra coisinha sejam diferentes. Por exemplo, depois de pedalarmos de volta para casa, bateu aquela lezeira gostosa e comecei a ler uma revista. Depois de 5 minutos estava babando no sofá. Uma cochiladinha de uma hora que talvez eu não tivesse tirado se não estivesse em jejum. Aliás, em geral, a cama tem me chamado mais cedo e tenho dormido sempre, pelo menos, oito horas. Ah, e a vontde escovar os dentes a cada duas horas continua (e o bafinho também).

A noite fizemos novamente nosso caldinho de legumes e depois assitimos um seriado na TV. Outro dia bem sossegado e super sinceramente, sem fome. É engraçado, mas parece que é um mecanismo parecido com aquele que todo mundo já experimentou alguma vez. Você sente fome, fica com muita fome, mais fome ainda, até que tem uma hora que passa. No jejum parece que acontece o mesmo: no primeiro dia você sente uma fome desgraçada, chega num pico e depois passa. Louco, né? Vamos ver até quando...

Monday, October 15, 2012

DURANTE - 

Você é o que você come


O dia da faxina intestinal....

Fiz a lista das comprinhas: ingredientes para o caldo de legumes (batata, cenoura, brócolis, abobrinha e temperos), um suco de laranja natural, um chá diurético e o pó de magnésio para ajudar na limpeza intestinal.
O jejum trata principalmente da eliminação de toxinas e resíduos no corpo. Há diferentes formas para auxiliar essa limpeza, seja com sucos diuréticos ou laxantes. Optei pelo pózinho de carbonato de magnésio que é um agente antiácido e um laxante “suave”.

Lá fui me aventurar no supermercado com o foco apenas no necessário – e me surpreendi: pois não senti o meu estômago rosnar na hora de passar pela parte da padaria, queijos, pasta e mesmo a dos chocolates! A minha mente estava como num estado “piloto automático”: com um objetivo claro a cumprir e sem dar voltas no pensamento que me fizessem mudar de ideia. Por enquanto ainda aguento numa boa.

Já em casa preparei o líquido com o magnésio – ughh... um gostinho nojento. Nada como ter um chazinho de menta ao lado. Não sei se errei na proporção, só sei que não passaram duas horas e já comecei a sentir o efeito: de aí em diante o banheiro passou a ser o cômodo mais frequentado do dia. Tive que tomar muito líquido para repor o perdido.

À noite havia um concerto do grupo Aliose de Genebra – por certo muito bom. O Dario já me perguntava se era necessário comprar umas Pampers antes de sairmos (no comments...J), mas felizmente já estava tudo regulado.
No bar aguentei firme enquanto os outros bebiam cervejinha e comiam umas tapas e fiquei com um suquinho natural. Após o concerto o meu corpo já não estava para muita balada e preferi voltar.

O que mais me surpreende é que realmente não sinto fome. Quando sinto que o meu corpo da uma enfraquecida tomo chá, água ou o caldinho e logo me sinto melhor. Estou mais consciente do que passa no meu corpo e fico impressionada como um copo de água ou chá já faz uma grande diferença no bem estar. Talvez agora entenda melhor a frase: você é o que você come. 




Dia 03 - Será que vai dar crepe?

Minhas refeições de hoje em diante
O temido dia chegou: o primeiro sem nenhum alimento sólido, apenas com líquidos. Haviam me dito que esse poderia ser um dos piores dias, com muitas dores de cabeça e pensamento constante em comida. Mas, felizmente, não foi isso que aconteceu!

Acordei bem humorada e tomei um delicioso chai com um pouquinho de mel (não sei se foi o açúcar do mel, mas para mim aquele chai estava divino). Demos uma relaxada (para minha sorte o Torsten também está fazendo o jejum, o que diminui as tentações em casa relacionadas a comida) e depois seguimos de bicicleta para o jogo de basquete do Tostex.

Estava um pouco apreensiva, pois tive algumas experiência ruins no passado com hipoglicimia, o que me causou alguns curtos desmaios por conta de falta de açúcar. Foram poucos os episódios, mas memoráveis como uma prova de 800 metros numa competição entre escolas. A corrida atrasou mais de 3 horas e eu evitei comer para não passar mal durante a prova. A largado foi dada e liderei a prova, mas nos últimos 20 metros comecei a correr estilo slow motion. Vi todas corredoras me ultrapassarem e minha mãe invadir a pista de atletismo para vir me socorrer! No maior estilo Gabriele Andersen na maratona de 1983, em Los Angeles (quem não viu, vê agora no vídeo abaixo) levantei e cruzei a linha de chegada, mas aprendi a nunca ficar muito tempo sem comer e depois praticar exercícios.



Pedalamos cerca de 15 minutos até o ginásio e me senti bem. Assiti o jogo, quer dizer, devo ter perdido uns 10/15 minutos entre todas minha idas ao banheiro (acho que tomei mais de um litro de água durante o jogo). Voltamos para casa pedalando, tomamos mais um chai e seguimos para o supermercado. É, supermercado.

Precisávamos comprar os legumes para poder fazer o caldo à noite, além de umas variações de chá, sucos de frutas e de legumes. A estratégia foi ser objetiva e seguir diretamente para as seções onde se encontravam esse produtos. “Ignore os queijos Caroline, não os chocolates não estão conversando com você, massas, eu não estou enxergando vocês, vá de reto ananás!” Com isso em mente saímos do supermercado com sucesso e sem sermos muito tentados (masoquismo à parte, eu até comprei um livro de receitas de fondue que estava em promoção).

Ao caminhar de volta para casa senti o cansaço pegando e um pouquinho de mau-humor (diria mais falta de paciência do que mau-humor). Chegamos em casa e tudo que eu queria era não fazer nada e relaxar. Antes disso tomamos um pózinho composto de magnésio que é para “ir ao banheiro” e ajudar a liberar as toxinas que estão no organismo.
Nosso jantar: caldo de legumes

Depois de uma hora preparamos o caldo de legumes: cenoura, nabo, alho poró e uma outra raiz. Tudo raladinho na panela. Depois de ferver e cozinhar por uns 15 minutos você filtra os legumes ralados e toma o caldo. Pois é, esse foi nosso jantar!

Em egeral, preciso dizer que foi mais fácil do que imaginava, sem muitos efeitos colaterais e o nível de fome bem tranquilo. Vamos ver como será amanhã.

Sunday, October 14, 2012


ANTES -

Comer só com os olhos



Recomenda-se fazer uma semana “light” antes de realmente começar o jejum para ir preparando o organismo. Isso significa:

. Liberar o corpo dos vícios - tipo cigarro, café, álcool, ainda na semana enquanto estás a comer normalmente, e assim não ter que encarar uma “luta” ainda maior durante a semana de jejum.
No meu caso foi menos difícil, pois como vício somente posso apontar o chocolate!!!

. Evitar comida pesada que dificulta a digestão - como carne, comida frita ou gordurosa, queijo duro, etc... ajudando a limpar o organismo (nada de bife a parmegiana Carol)

. Comer muita fruta e legumes frescos. Normalmente o corpo mantém um estoque de nutrientes saudáveis durante várias semanas no organismo, sendo que para um jejum curto como o nosso (1 semana) não há o risco de haver uma falta de substâncias vitais para o organismo. Mas se você normalmente não se alimenta de uma forma muito saudável a situação é diferente. Portanto é muito importante “encher o tanque” com muitos nutrientes saudáveis presentes em alimentos frescos e naturais, como frutas e legumes.

E assim foram os meus dias antes de iniciar o jejum. Nos últimos dois dias de iniciar o jejum apenas ingeri frutas e legumes e muuuuuuuuuuuuuuuuuuito chá.

De fato para mim isso já foi uma espécie de jejum:
- deixar de comer queijo morando na Suíça, principalmente o Gruyère Corsé (de longe o meu preferido);
- cortar o chocolate (ahhhhhhh) que ainda por cima é outra especialidade suíça com variedades infinitas entre Lindt e Cailler;
Poderia escrever um capítulo a parte somente sobre chocolate. Não que me considere uma chocólatra... mas para mim chocolate está associado aqueles momentos de prazer quase meditativos – é como dar-se um presentinho!
Deve ser coisa de infância mesmo, pois chocolate na minha família assume quase que um pedestal. É considerada a “supra-sobremesa”, aquele gostinho que se reserva para o final ainda depois da sobremesa. Quando não dividido em partes iguais, era devorado em segundos por nós quatro irmãos. Minha mãe tinha que esconde-lo em lugares secretos da casa – que normalmente eram perto da mesa de cabeceira dela e não era incomum pega-la as vezes no “flagra” com o chocolatinho na boca. Chocolate também às vezes era recompensa quando nos havíamos comportado bem. E de longe era o melhor presente que meus avós me davam – eles escondiam um pedaço daquela barra enorme de cobertura Nestlé e brincavam de esconderijo “quente-ou-frio” até eu encontra-lo.
Enfim... vou parar por aqui que tá me entrando agua na boca.
- e ter que aguentar o meu namorado preparar altas delícias na cozinha deixando o apartamento inteiro impregnado com o cheiro de temperos e especiarias deliciosas. Tenho a sorte (e talvez nessa semana também o azar) de que o Dario ADORA cozinhar e por cima cozinha muito bem.

Definitivamente somente esses passos preparatórios já exigiram um grande esforço mental para não cair na tentação. Haja banana e sopa para aguentar...

Também é normal sentir alguns efeitos colaterais nos primeiros dias. Até agora apenas senti:

- Dor de cabeça e tonturas. No segundo dia realmente minha cabeça estava explodindo. Estou acostumada a ter frequentes dores de cabeça, mas durante o jejum não me atrevi a tomar nenhuma aspirina ou remédio. Aguentei tentando hidratar o meu corpo com muito líquido.
No dia seguinte me disseram que existem algumas técnicas que podem aliviar a dor de cabeça nessas horas – como colocar vinagre de maça na agua de um inalador e inalar durante 5 minutos ou enrolar um pano umedecido com vinagre de maça em volta da cabeça como se fosse um turbante. Enfim... a dica chegou tarde demais e não cheguei a prova-la.  
Apenas senti dor de cabeça no segundo dia. Agora já não mais.

- Bafo. Como a Carol muito bem descreveu – como ter um rato morto no estômago. Ughhh... Mas nada que não se possa combater com constantes escovadas de dente e chás de hortelã!

Hoje já é o dia da limpeza intestinal... mas essa experiência escatológica já é um tema a parte para um post mais tarde (ou talvez melhor não).

Saturday, October 13, 2012


Dia 02 - Pimenta nos olhos dos outros é refresco

Jantar dessa noite!
Acordei super bem humorada até perceber o bafo mortal que habitava minha boca. Dei um baforadinha na mão para sentir o tamanho do problema. Rapaz! Deve ter um rato morto no meu estômago, cruz credo. Sorte do Torsten que saí da cama sem desejar bom dia.

Já haviam me alertando que o mau hálito deveria aparecer com o jejum. E dizem que piora nos dias seguintes. Sorte da maioria de vocês que só conversa comigo por Skype ou email!

Depois de passado o susto com meu próprio hálito comecei o dia com um suco de laranja. Para minha surpresa a fome foi pouca durante a manhã, bem menor do que no dia seguinte. Comi uma maçã no meio da manhã, mas hoje não precisei antecipar o almoço.

Na hora do almoço batatas cozidas e salada foram suficientes para matar minha fome. A ironia do destino apareceu no meio da minha tarde. Para quem não sabe, trabalho na Avaaz, uma organização internacional que organiza ações urgentes online e offline para assuntos relacionados a direitos humanos, meio ambientes, corrupção, etc. A cada semana temos uma nova campanha e eis que no meio da minha tarde recebo uma mensagem no Skype de uma colega me pedindo ajuda para achar uma imagem para uma campanha que iríamos testar. “Carol, você pode procurar por uma imagem de uma pessoa morrendo de fome por não conseguir pagar pela sua comida?”

Eu ri para não chorar. E lá fui eu a procura de fotos de pessoas famintas, sem ter o que comer. Aí o lado ativista e humanitário pegou e me questionei um pouco sobre o jejum “Caramba, tanta gente que daria tudo por um prato de comida e eu aqui deixando de comer para ter uma experiência.” Me senti um pouco boba no começo, mas depois um outro pensamento me veio à cabeça. “Ao mesmo tempo isso está me fazendo ter um pequenina ideia do que é ter fome de verdade” Obviamente que não quero comparar um jejum todo equilibrado praticado num lar confortável e com toda assistência com alguém passando fome em algum país pobre do mundo.

Não, não é isso. Mas de uma certa maneira, a experiência faz você parar para pensar em comida, e consequentemente, nas pessoas que vivem sem ela (principalmente se você tem que pesquisar por fotos de pessoas famintas), em uma criança que nunca provou um chocolate, quem consegue alimentar a família uma vez por dia, quem não tem acesso a água. E aí você imagina como eles se sentem fisiologicamente. E psicologicamente ao ver outras pessoas comendo (algo que experimentei algumas vezes em Moçambique, onde aprendi a não sair na rua apressada por não ter dado tempo de almoçar devorando um sanduíche nas mesmas ruas que pessoas pediam por comida).

(interessnate reclame da Oxfam: "Quando crianças brincam com comida é fofo. 
Quando Washington brinca com comida, custa a vida de muitos")  

Enfim, achada a foto continuei meu trabalho e comi uma banana a tarde. Certamente esta manhã e tarde foram bem mais tranquilas em relação a fome do que ontem. À noite é que ela bateu. Comi umas ervilhas cozidas, cogumelos feitos na frigideira sem óleo, apenas com sal (aliás me surpreendi como eles ficam tão deliciosos como com óleo – com certeza não usarei mais óleo para fazer os cogumelos) e uma alcachofra.

De novo, bebi muito líquido e fui dormir traquila. Amanhã será o primeiro dia sem nenhum alimento apenas com líquidos (suco, água e caldo de legumes). Ah e também o dia da limpeza intestinal (ai!). Desejem-me sorte!

Friday, October 12, 2012


Dia 01 - Essa é batata! Será?

A "Última Ceia": bife à parmeggiana!
Depois da “Última Ceia” de ontem (deliciosos bifes à parmegiana preparados com extrema dedicação), é chegado o momento de iniciarmos nosso jejum.

O primeiro e o segundo dia são uma introdução ao organismo daquilo que estará por vir. Isso quer dizer alimentos leves para amaciar seu estômago como sucos, legumes e frutas, o que é um privilégio em relação aos dias que virão.

Iniciei meu dia bem, sem muita fome e tomei um copo de suco de laranja na primeira hora do dia. Em seguida, comecei a trabalhar (para quem não sabe eu trabalho de casa) e por volta das 10h comi uma banana. Até aí tava fácil. Por volta das 11 horas a fome começou a bater e fiz um cházinho para enganar o estômago (como se chá enganasse meu esperto estômago, sei!). Ao meio-dia, a fome tava de lascar e acalmei-a com uma maçã. Minha amiga Ula, que estava em casa trabalhando comigo, apesar de não estar jejuando, também estava cheia de fome.
Beringela com tomate: delícia, juro!

As 12h30 joguei a toalha e resolvi antecipar o almoço. Beringelas cozidas com tomate e sal, acompanhada de uma saladinha de folhas verdes. Sabe que estava gostoso! Lógico que a da Ula estava muito mais com aquela deliciosa derretida fatia de queijo Goda envelhecido.


(pausa para Ode ao Queijo)

Queijo colaho torradinho, saudades!
Ó queijo... Sólido, ralado, derretido, branco, amarelo, velho, novo, fedido ou não, eu simplesmente te amo pelo fato de você ser queijo.  Todos esses anos divindindo momentos, te colocando sobre o macarrão (ou o macarrão sob o queijo), fazendo molhos com ti, preprando fondue, te comendo no meio do pão com mel ou geléia (sim, eu AMO geléia e queijo!). Momentos inesquecíveis que dificilmente serão substitídos por outro. Você é único! Até breve...

Voltamos pro trabalho devidamente saciadas (a Ula muito mais do que eu, pois ainda comeu estrogonofe de frango). Por volta das 15h o estômago começou a reclamar e dei à ele a segunda banana do dia (viva a banana!) e mais um chá. Tudo sob controle até ouvir aquele clássico barulho do alumínio plástico que envolve a maoiria dos chocolates sendo abertos. Alerta total. Olho para o sofá e vejo a Ula timidamente tentando abrir o Kit Kat dela sem fazer barulho, me olhando com olhos baixo e sussurando um “Sorry...” E então os “crunch, crunch, crunch” e meu estômago „grrr, grrr, grrr“. E dá-lhe maçã!

Confesso que o dia demorou mais do que o normal para passar. Comecei a fica obcecada com o pensamento de batatas cozidas  e passei a fazer a contagem regressiva para o jantar, esperando somente terminar de trabalhar para correr para a cozinha e jogar as batatas na água.

Ah, que batatas saborosas! Saciaram meu apetite (comi três!) e fiquei sossegada pelo resto da noite. A noitinha deu aquela larica de doce e lá fui eu atacar quem? A banana! Resolvi amassá-la (variações sobre o mesmo tema) e adicionar um pouco de açúcar. Não sei se foi psicológico ou não, mas achei o açúcar um pouco demais, muito doce. sei lá, aas comi com gosto. Que venha o segundo dia! Deixo vocês com jingle do meu dia "banana and potato": 





Thursday, October 11, 2012


Quem tem pressa come cru!

Antes de começarmos nosso jejum (amanhã!), recebemos uma lista com 10 recomendações e/ou lembretes do Torsten, que já fez o jejum diversas vezes. Estamos prontas!

1. Você vai sentir falta de comida. Desesperadamente. Vai sentir mais falta do que o sol, açúcar ou a praia (ok galera, lembrem-se de que vivemos no hemisfério Norte!). O que significa que você estará pensando em comida, mais do que qualquer coisa. Até mesmo mais do que aquilo (será? rs). Checked!

2. Você poderá se sentir fraco algumas vezes durante a semana do jejum. Tenha sempre água ao seu alcance e uma pequena dose de açúcar por prevenção. (garrafinhas de água devidamente espalhadas pela casa!) Checked!

3. Você irá suplicar pelos seus alimentos prediletos. Constantemente. Diga-se queijo ou Nutella. Ai caramba! Checked!

4. Você se sentirá fraco, especialmente no começo. Você poderá ter dores de cabeça, dores de estômago e outros sintomas. Você precisará da sua força de vontade nesses momentos. Será parecido como voltar a correr: você está mais devagar, seus músculos doem, mas com o tempo e o treino as endorfinas começam a aparecer. Uma vez que seu corpo passar a buscar energia não do exterior, mas internamente, aí você passará a ter menos problemas. Que os primeiros dias passem voando! Checked!

5. Você perderá peso. Entretanto se você retomar seus velhos hábitos alimentares depois do jejum, é possível que você ganhe até o dobro do que perdeu. Checked!

6. Por outro lado, você reconsiderará seus hábitos alimentares. Comer assistindo televisão, comer mais do que precisa, comer porque você está entediado, comer muito açúcar ou gordura. Legal! Checked!

7. O tempo passará lentamente no início e cada vez mais rápido conforme os dias forem passando. O quanto mais você liberar seus pensamentos da comida, mais você consiguirá se concentrar em outras coisas e afinal aproveitar do tempo extra que você ganhará das refeições. Checked!

8. Depois de alguns dias, fome e desejo por comida desaparecerão. Este é o momento que você se sentirá super zen. Uhu, Checked!

9. Você se surpreenderá com o que seu corpo é capaz de fazer durante um jejum. Esportes são recomendados da minha parte, mas não se desaponte se isso não funcionar para você nesta primeira experiência. É uma questão de treino. Checked!

10. Talvez o favorito de vocês duas: você fará muito xixi. Considere que você estará ingerindo ao menos entre 4 e 5 litros de líquidos por dia. Putz, é dessa vez que me mudo para o banheiro. Checked!

Wednesday, October 10, 2012


Ter o olho "menor" que a barriga


Atos de jejum são comuns ao nosso redor.

O mundo animal o demonstra...
Há animais selvagens que sobrevivem de suas reservas durante o período de hibernação; pássaros migratórios que voam mais de 5.000km sem comer; e pinguins que ficam até seis meses em jejum e ainda põem ovos. Alguns animais domésticos deixam de comer quando estão adoecidos, como uma defesa instintiva e um processo natural de recuperação.

Já os motivos que levam o ser humano a praticar voluntariamente o jejum vão muito além das razões naturais ou adversidades geográficas. A abstinência de alimentação voluntária praticada pelo ser humano esta presente em diversas formas, seja em atos religiosos, na medicina, na dietética e até mesmo na política.

Seja como um ato religioso, ou um jejum de luto ou protesto, uma greve de fome por solidariedade, seja para a limpeza e desintoxicação do organismo, ou mesmo por motivos estéticos para tirar aqueles quilinhos a mais...  as razões e benefícios do jejum são muitos.

E de todos os fatores presentes para decidir-se voluntariamente por um jejum, o que mais me impressiona é o fator mental, a disciplina e a persistência em manter-se além das vontades e necessidades fisiológicas por um objetivo maior, seja lá qual ele for.

Pessoalmente tive a oportunidade de ouvir diversos relatos de pessoas próximas que passaram pela experiência do jejum. Não preciso ser convencida dos seus benefícios. Mas já o passo de realmente decidir fazer um jejum é outra coisa...  pois haja força de vontade.

Foi num reencontro com minha grande amiga e companheira de aventuras Carol que decidimos juntas por em prática a nossa primeira semana de jejum e dar força à tal força de vontade! Daí a ideia de ter um blog para nos apoiar mesmo na distância, para compartilharmos a nossa experiência, e quem sabe também animar outros a se juntarem a nós.

O que espero dessa experiência?
    Treinar minha força de vontade e disciplina
    Realizar uma limpeza e desintoxicação do meu organismo
    Ter mais consciência sobre o meu corpo
    Permitir um maior autoconhecimento
    E porque não, também perder uns quilinhos a mais...
O que realmente acontecerá?
   É o que veremos nos próximos capítulos.

O jejum começará em dois dias. 

"Juntando a fome com a vontade de comer"

Acho que a primeira vez que ouvi a palavra jejum foi para fazer um exame de sangue. Era pequenina ainda, mas não gostei muito daquele tal de “Jejum” que não me deixou tomar meu café da manhã depois de acordar.

Depois de alguns anos o “Jejum” apareceu de novo, desta vez ligado a um homem muito magrinho na Índia. Meus pais me explicaram que ele se chamava Gandhi e que tinha parado de comer para protestar contra a violência no seu país e em solidariedade aos milhares que passavam fome.

Anos atrás me lembro de uma amiga judia que estudava inglês comigo e que não foi almoçar pois estava de jejum devido ao Yom Kippur, o Dia do Perdão para os judeus. “Pobrezinha”, pensei com meus botões.

Mas de todas essas experiência a que mais me chocou foi há cerca de dois anos quando reencontrei com meu namorado, depois de passarmos um mês separados. Ao vê-lo no aeroporto levei um choque com a magreza no seu rosto. Mais chocada ainda fiquei quando ele me explicou que havia jejuado por duas semanas.

“Gente, mas por quê?!” Ele é ateu, pelo que eu saiba não estava protestando por nada (talvez pela minha ausência hehehe), está bem longe de ser obeso, é uma pessoa cheia de saúde, tem condições de comprar seus alimentos. Simplesmente parar de comer? “É uma experiência extremamente enriquecedora ver o que seu corpo é capaz de fazer sem comida, o quanto não prestamos atenção no ato de comer e quão libertador isso pode ser”, me explicou o magrelo.

Não engoli a explicação (minha comida continuei engolindo!) e durante mais de um ano achei aquilo completamente maluco. Nos períodos em que ele jejuava (uma vez por ano) ficava super envergonhada quando ele explicava para nossos amigos que não ia comer, pois estava jejuando.

Já se passaram 2 anos e meio desde que tive esse choque e há duas semanas, entretanto, resolvi acompanhá-lo no jejum. Algumas coisas me levaram a tomar essa decisão:
  • nesses últimos dois anos eu aprendi a cozinhar.
E foi só nesse momento que passei a ter muito mais consciência das coisas que comia. Passei a me interessar em saber de onde vêm os produtos que ingerimos, tentei evitar tanto quanto possível produtos industrializados e percebi o como é fácil não prestar atenção no que se como e como se come.
  • meus programas sociais geralmente envolvem comida.
Muito mais do que eu sequer imaginava. Fui realmente perceber nossa extrema dependência em relação a comida como atividade social quando tentei estabelecer uma data para o início do jejum: num dia não podia por que já tinha marcada um brunch com uma amiga, no dia seguinte ia oferecer um almoço em casa, na semana seguinte teríamos visitas na cidade e com certeza sairíamos para jantar em algum restaurante bacana de Berlin. Não acho ruim a comida ser um programa social, mas diria que ela faz parte de mais de 50% dos meu programa social, e fiquei extremamente curiosa de saber o que faria para substituir esses programas.
  • comida exige bastante do seu tempo
Pare para pensar quanto do seu dia você dedica à comida. Café da manhã, almoço, jantar, pequenos lanches. Depois, inclua nessa conta da semana o tempo que você gasta para ir ao supermercado comprar alimentos e também, o tempo que você gasta pensando nos alimentos que precisa comprar ou na refeição que irá preparar. Se você for responsável pelo almoço de outra pessoa (uma família, por exemplo) isso exige verdadeira logística no dia a dia. Achei interessante ver quanto tempo iria ganhar sem ter que ter todas essas preocupações.
  • autoconhecimento
Confesso que situações de limite físico me atraem um pouquinho e sempre têm um efeito positivo e fortalecedor sobre mim. Lembro-me que penei muito nos últimos dias/quilômetros da parte que fiz do caminho de Santiago, quando andava cerca de 25 quilômetros por dia. Mas também me recordo bem de como a experiência me ensinou muitas coisas sobre mim mesma e de como depois de finalmente completar o percurso, qualquer distância a pé se tornou extremamente relativa para mim. Acredito que o jejum vá me trazer algo parecido e sei que depois de alguns dias você passa a liberar algumas substâncias que dão a sensação de bem estar como neurotransmissores, como endorfinas, e hormônios, como noradrenalina e adrenalina.

Sendo assim, me entusiasmei para tentar um jejum de uma semana composto de líquidos como explicarei no decurso da experiência. A Sté, minha fiel companheira, que nos visitava em Berlin na semana passada, se animou com a ideia. Como seria a primeira vez para nós duas pensamos em fazer um diário para dividirmos nossas experiências e darmos força uma a outra durante o período do jejum. E foi assim que nasceu a ideia desse blog. O jejum começará daqui dois dias!